Para Eduardo Bolsonaro, crises em torno da pandemia são apenas críticas de “pessoas sem escrúpulos que tentam se aproveitar politicamente só para denegrir o presidente”
Por Plinio Teodoro
Pivô da crise diplomática com a China, após propagar teses de Donald Trump sobre o país, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) evita comentar diretamente o atraso na importação de insumos para produção de vacinas no país, mas trata o caso como uma “guerra de narrativas” nas redes sociais, enquanto se solidariza com o empresário Luciano Hang, o veio da Havan, que está internado em hospital de luxo com o coronavírus.
“Melhoras ao Luciano Hang @luciano.hang um incansável batalhador pela correção deste país”, escreveu Eduardo Bolsonaro no Facebook, se vitimizando diante de comentários feitos sobre a contaminação por Covid-19 do empresário. “Agora, posta (SIC) meus já foram excluídos por ‘incitar a violência’”, escreveu, citando o “ódio do bem contra conservadores”.
A publicação é exemplo do que ele classificou na última terça-feira (19) como “guerra das narrativas”, em sua única públicação relacionada diretamente com a vacina.
Para o filho de Jair Bolsonaro, o atraso na entrega de insumos pela China e de vacinas pela Índia, que em contrato com o governo brasileiro estima em 90 dias a remessa dos imunizantes, são apenas críticas de “pessoas sem escrúpulos que tentam se aproveitar politicamente, nestes casos de crise, só para denegrir o presidente”, usando termo racista.
As últimas publicações do deputado giram sempre em torno da chama “guerra cultural”, que segundo ele é de “longo prazo”. “É o caminho a ser trilhado se quisermos um Brasil livre. É uma guerra de longo prazo. Eu procuro não me permitir estressar. Penso que é parte do trabalho. Mostramos a verdade para reverter as fake news e toca o barco”, escreveu em resposta a apoiador nos stories de seu Instagram.

Vírus chinês e Huwaei
Duas das principais “narrativas” defendidas por Eduardo Bolsonaro, repetindo teses de grupos de ultradireita aliados de todo o mundo, são: o coronavírus é um “vírus chinês”, que teria sido propagado pelo mundo como estratégia para que a China implantasse um governo comunista via Organização das Nações Unidas (ONU), e que o Partido Comunista Chinês tenta implantar um sistema de espionagem pela instalação da rede 5G pela empresa de tecnologia Huwaei.
A segunda teoria da conspiração gerou a última crise diplomática, em novembro, quando Eduardo Bolsonaro usou as redes sociais para fazer insinuações sobre o uma suposta espionagem que seria promovida pelo Partido Comunista Chinês através do serviço de 5G da Huawei.
Em março, o filho de Bolsonaro já havia provocado uma reação enérgica do governo da China por culpar o Partido Comunista Chinês pela pandemia do Coronavírus. Na ocasião, o deputado reagiu acionando a milícia virtual para levantar hashtag #VirusChines.
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